sexta-feira, maio 09, 2008

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a hora da partida soa quando
escurece o jardim e o vento passa
estala o chão e as portas batem
quando a noite cada nó em si deslaça

a hora da partida soa quando
as árvores parecem inspiradas
como se tudo nelas germinasse

soa quando no fundo dos espelhos
me é estranha e longínqua a minha face
e de mim se desprende a minha vida

Sophia de Mello Breyner Andresen