terça-feira, março 13, 2007

Quebramos Os Dois

era eu a convencer-te de que gostas de mim
tu a convenceres-te de que não é bem assim
era eu a mostrar-te o meu lado mais puro
tu a argumentares os teus inevitáveis

eras tu a dançares em pleno dia
e eu encostado como quem não vê
eras tu a falar p'ra esconder a saudade
e eu a esconder-me do que não se dizia

afinal...
quebramos os dois afinal
quebramos os dois...

desviando os olhos por sentir a verdade
juravas a certeza da mentira
mas sem queimar de mais
sem querer extinguir o que já se sabia

eu fugia do toque como do cheiro
por saber que era o fim da roupa vestida
que inventara no meio do escuro onde estava
por ver o desespero na cor que trazias

era eu a despir-te do que era pequeno
tu a puxares-me para um lado mais perto
onde se contam histórias que nos atam
ao silêncio dos lábios que nos mata

eras tu a ficar por não saberes partir
e eu a rezar para que desaparecesses
era eu a rezar para que ficasses
tu a ficares enquanto saías

não nos tocamos enquanto saías
não nos tocamos enquanto saímos
não nos tocamos e vamos fugindo
porque quebramos como crianças

afinal...
quebramos os dois afinal
quebramos os dois...

é quase pecado que se deixa
quase pecado que se ignora