Sim * / Portugal Mais Livre
com o que se passou no referendo sobre o aborto»,
diz a pintora, que tem ainda nas suas memórias
vividas do país as situações dramáticas que
testemunhava na Ericeira quando as mulheres
dos pescadores, rodeadas de filhos, lhe pediam
o dinheiro necessário para os desmanchos.
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Paula Rego desenha adolescentes e jovens
mulheres que sofrem, que escondem a cara
ou enfrentam o espectador, culpando-o com
o olhar, algumas delas prostradas sobre a cama,
outras agachadas sobre um bacio ou um balde,
outras ainda contorcendo-se com dores,
entregues apenas a si própias e a uma imensa solidão.
São retratos de sofrimento e angústia, de ansiedade,
desolação, medo, humilhação e vergonha,
feitos de uma violência contida, sem sangue nem gritos,
com uma construção figurativa formalmente austera.